quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CONCURSO


CRIE UM MARCA-TEXTO E UMA LOGOMARCA PARA A CASA DA LEITURA E CONCORRA A UM MP4.


ENTREGUE SEU TRABALHO ATÉ 15/10/09 NA DIRETORIA DE ENSINO OU PARA A PROFESSORA LUCIANA NEIVA.


O RESULTADO SERÁ DIVULGADO DIA 29 DE OUTUBRO, DURANTE O I SARAU DE POESIA E MÚSICA DO IFPI / FLORIANO.


I SARAU DE POESIA E MÚSICA DO IFPI - FLORIANO

EM OUTUBRO, DURANTE A SEMANA NACIONAL DO LIVRO, ESTAREMOS PROMOVENDO O I SARAU DE POESIA E MÚSICA REALIZADO POR PROFESSORES, FUNCIONÁRIOS E ALUNOS DO IFPI.

VENHA PARTICIPAR VOCÊ TAMBÉM!
INSCREVA-SE NA BIBLIOTECA DA NOSSA ESCOLA ATÉ 15/10/09.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Você notou?

E TUDO MUDOU... rouge virou blush, O pó-de-arroz virou pó-compacto, O brilho virou gloss, O rímel virou máscara incolor; A Lycra virou stretch, Anabela virou plataforma; O corpete virou porta-seios ... Que virou sutiã ... Que virou lib ... Que virou silicone! A peruca virou aplique ... interlace ... Megahair ... Alongamento! A escova virou chapinha,' Problemas de moça' viraram TPM; Confete virou MM; A crise de nervos virou estresse, A chita virou viscose, A purpurina virou gliter, A brilhantina virou mousse... Os halteres viraram bomba, A ergométrica virou spinning, A tanga virou fio dental.... ...E o fio dental virou anti-séptico bucal Ninguém mais vê: Ping-Pong porque virou Bubaloo, O à-la-carte porque virou self-service, A tristeza agora é depressão, O espaguete virou Miojo pronto, A paquera virou pegação, A gafieira virou dança de salão, O que era praça virou shopping, A areia virou ringue, A caneta virou teclado, O LP virou CD, A fita de vídeo é DVD, O CD já é MP3, É um filho onde eram seis, O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail, O namoro agora é virtual, A cantada virou torpedo, E do 'não' não se tem medo, O break virou street, O samba, pagode O carnaval de rua virou Sapucaí, O folclore brasileiro, halloween O piano agora é teclado, também... O forró de sanfona ficou eletrônico, Fortificante não é mais Biotônico, Polícia e ladrão virou counter strike, Folhetins são novelas de TV, Fauna e flora a desaparecer, Lobato virou Paulo Coelho, Caetano virou um pentelho, Baby se converteu, RPM desapareceu, Elis ressuscitou em Maria Rita Gal virou fênix, Raul e Renato, Cássia e Cazuza, Lennon e Elvis, Todos anjos Agora só tocam lira... AAIDS virou gripe, A bala antes encontrada agora é perdida, A violência está maldita! A maconha é calmante, O professor é agora o facilitador, As lições já não importam mais, A guerra superou a paz, E a sociedade ficou incapaz... ...De tudo. ...Inclusive de notar essas diferenças. ( Luiz Fernando Veríssimo)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Revista Bioevolution


No dia 17 de junho de 2009, a turma de Licenciatura Plena em Biologia - módulo I - apresentou no IFET, campus Floriano, a revista Bioevolution como produto final do seminário sobre Gêneros Textuais e como componente curricular da disciplina Atividades Lingüísticas.
A revista conta com notícias, crônicas, textos dissertativos, narrativos e descritivos, charge e editorial. Todos os gêneros se reportam a conteúdos ligados à Biologia, fazendo, dessa forma, intertextualidade com a área de atuação dos futuros professores/as biólogos/as.
Após a apresentação, comemoramos o encerramento das aulas com um delicioso coquetel.




Luciana Neiva

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Morte no Avião

Acordo para a morte. Barbeio-me, visto-me, calço-me. É meu último dia: um dia cortado de nenhum pressentimento. Tudo funciona como sempre. Saio para a rua. Vou morrer. Não morrerei agora. Um dia inteiro se desata à minha frente. Um dia como é longo. Quantos passos na rua, que atravesso. E quantas coisas no tempo, acumuladas. Sem reparar, sigo meu caminho. Muitas faces comprimem-se no caderno de notas. Visito o banco. Para que esse dinheiro azul se algumas horas mais, vem a polícia retirá-lo do que foi meu peito e está aberto? Mas não me vejo cortado e ensangüentado. Estou limpo, claro, nítido, estival. Não obstante caminho para a morte. Passo nos escritórios. Nos espelhos, nas mãos que apertam, nos olhos míopes, nas bocas que sorriem ou simplesmente falam eu desfilo. Não me despeço, de nada sei, não temo: a morte dissimula seu bafo e sua tática. Almoço. Para quê? Almoço um peixe em outro e creme. É meu último peixe em meu último garfo. A boca distingue, escolhe, julga, absorve. Passa música no doce, um arrepio de violino ou vento, não sei. Não é a morte. É o sol. Os bondes cheios. O trabalho. Estou na cidade grande e sou um homem na engrenagem. Tenho pressa. Vou morrer. Peço passagem aos lentos. Não olho os cafés que retinem xícaras e anedotas, como não olho o muro de velho hospital em sombra. Nem os cartazes. Tenho pressa. Compro um jornal. É pressa, embora vá morrer. O dia na sua metade já rota não me avisa que começo também a acabar. Estou cansado. Queria dormir, mas os preparativos. O telefone. A fatura. A carta. Faço mil coisas que criarão outras mil, aqui, além, nos Estados Unidos. Comprometo-me ao extremo, combino encontros a que nunca irei, prununcio palavras vãs, minto dizendo: até amanhã. Pois não haverá. Declino a tarde, minha cabeça dói, defendo-me, a mão estende um comprimido: a água afoga a menos que dor, a mosca, o zumbido... Disso não morrerei: a morte engana, como um jogador de futebol a morte engana, como os caixeiros escolhe meticulosa, entre doenças e desastres. Ainda não é a morte, é a sombra sobre edifícios fatigados, pausa entre duas corridas. Desfale o comércio de atacado, vão repousar os engenheiros, os funcionários, os pedreiros. Mas continuam vigilantes os motoristas, os garçons, mil outras profissões noturnas. A cidade muda de mão, num golpe. Volto à casa. De novo me limpo. Que os cabelos se apresentem ordenados e as unhas não lembrem a antiga criança rebelde. A roupa sem pó. A mala sintética. Fecho meu quarto. Fecho minha vida. O elevador me fecha. Estou sereno. Pela última vez miro a cidade. Ainda posso decidir, adiar a morte, não tomar esse carro. Não seguir para. Posso voltar, dizer: amigos, esqueci um papel, não há viagem, ir ao cassino, ler um livro. Mas tomo o carro. Indico o lugar onde algo espera. O campo. Refletores. Passo entre mármores, vidro, aço cromado. Subo uma escada. Curvo-me. Penetro no interior da morte. A morte dispôs poltronas para o conforto da espera. Aqui se encontram os que vão morrer e não sabem. Jornais, café, chicletes, algodão para o ouvido, pequenos serviços cercam de delicadeza nossos corpos amarrados. Vamos morrer, já não é apenas meu fim particular e limitado, somos vinte a ser destruídos, morreremos vinte,vinte nos espatifaremos, é agora. Ou quase. Primeiro a morte particular, restrita, silenciosa, do indivíduo. Morro secretamente e sem dor, para viver apenas como pedaço de vinte, e me incorporo todos os pedaçosdos que igualmente vão parecendo calados. Somos um em vinte, ramalhete dos sopros robustos prestes a desfazer-se. E pairamos, frigidamente pairamos sobre os negócios e os amores da região. Ruas de brinquedo se desmancham, luzes se abafam; apenas colchão de nuvens, morres se dissolvem, apenas um tubo de frio roça meus ouvidos, um tubo que se obtura: e dentro da caixa iluminada e tépida vivemos em conforto e solidão e calma e nada. Vivo meu instante final e é como se vivesse há muitos anos antes e depois de hoje, uma contínua vida irrefrável, onde não houvesse pausas, sonos, tão macia na noite é esta máquina e tão facilmente ela corta blocos cade vaz maiores de ar. Sou vinte na máquina que suavemente respira, entre placas estelares e remotos sopros de terra, sinto-me natural a milhares de metro de altura, nem ave nem mito, guardo consciência de meus poderes, e sem mistificação eu vôo, sou um corpo voante e conservo bolsos, relógios, unhas, ligado à terra pela memória e pelo costume dos músculos, carne em breve explodindo. Ó brancura, serenidade sob a violência da morte sem aviso prévio, cautelosa, não obstante irreprimível aproximação de um perigo atmosférico golpe vibrado no ar, lâmina de vento no pescoço, raio choque estrondo fulguração rolamos pulverizados caio verticalmente e me transformo em notícia. Carlos Drummond de Andrade ( A Rosa do Povo - 1945)

ODE AOS CRITÉRIOS

Ode aos critérios-ocultos! Ao critério sem-critério,
Ao falso critério!
À vontade daqueles que mandam
E à servidão daqueles que obedecem!
Ao homem-intelectual, homem ideologia,
Homem-hipócrita, que se diz neutro,
Mas é subserviente ao sistema!
Ode ao sistema-medíocre, que exclui e tapa os olhos diante da verdade!
Ode aos critérios-ocultos! Ao critério sem-parâmetro!
Critério de um ponto e meio - para exterminar!
Critério de um ponto só - para fazer acatar!
Critério sem ponto algum - para fazer entrar!
Ode aos critérios-ocultos! Ao critério-amizade!
Ao critério-subjetivo, ao critério-falsidade!
Ode aos favoritismos e à ganância explícita!
Ao "jeitinho brasileiro" de contornar critérios!
Ah! critérios inventados, que não me medem nada,
A não ser a ignorância daqueles que o manipulam!
Ode a você que não está entendendo nada!
Que não reconhece as vozes mostradas
E não demarcadas neste poema.
Vá ler Mário de Andrade! Vá estudar, meu filho!
Ou melhor, não estude não! Vá jogar paciência,
Pois o único critério que não pesa é o critério-competência!
Luciana Neiva

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Os Fascinantes Anos 20

A apresentação do projeto Os Fascinantes Anos Vinte ocorreu no auditório do Instituto Federal de Educação de Floriano, nesta segunda-feira, dia 13 de abril de 2009. A pesquisa sobre o que foi, como e em que contexto ocorreu a Semana de Arte Moderna em 1922 foi o principal alvo deste trabalho, além do desenvolvimento da oralidade, da criatividade, da expressão corporal, do manuseio das novas tecnologias, da própria sociabilidade, entre outros.
Para tanto, o terceiro ano de Informática integrado ao Ensino Médio (turma 4311) foi dividido em cinco grupos.
A primeira equipe ficou encarregada de mostrar o contexto histórico e cultural dos primeiros 20 anos do século XX como, por exemplo, o carnaval, o voto feminino, a imigração italiana e japonesa, a industrialização, as greves, etc.
A segunda equipe teve como meta produzir e apresentar um painel sobre as principais Vanguardas Europeias.
O terceiro grupo encenou a Semana de Arte Moderna que ocorreu de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. No palco, foram reproduzidas cenas que retrataram o encontro dos principais mentores do evento artístico e os principais acontecimentos da Semana, como a apresentação do compositor Villa Lobos e do escritor Ronald de Carvalho declamando o poema Os sapos de Manuel Bandeira.
A quarta equipe ficou responsável pela produção de um curta metragem, mudo e em preto e branco baseado no texto À beira mar de Stanislaw Ponte Preta. Não faltaram risos e aplausos diante desta superprodução que encantou a todos.
Para que todas essas atividades pudessem ser apresentadas e interligadas entre si, a quinta equipe ficou responsável pela apresentação de uma revista falada, agregando, assim, todos os trabalhos de forma coerente e muito divertida.
Com isso, os objetivos foram alcançados e todos saímos muito satisfeitos, com a certeza de que é possível adquirir novos conhecimentos e desenvolver inúmeras habilidades através de projetos como esse!!!
Parabéns turma 4311, vocês são D+!!!!!!!
Professora Luciana Neiva

terça-feira, 7 de abril de 2009

PÉROLAS DO ÚLTIMO ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO



As frases erradas e os comentários dos professores:

'O sero mano tem uma missão...' (A minha, por exemplo, é ter que ler isso!)

'O Euninho já provocou secas e enchentes calamitosas.. .' (Levei uns minutos para identificar o El Niño...)

'O problema ainda é maior se tratando da camada Diozanio!' (Eu não sabia que a camada tinha esse nome bonito)

'A situação tende a piorar: o madereiros da Amazônia destroem a Mata Atlântica da região.' (E além de tudo, viajam pra caramba, hein?)

Não preserve apenas o meio ambiente e sim todo ele.' (Faz sentido)

'O grande problema do Rio Amazonas é a pesca dos peixes' (Achei que fosse a pesca dos pássaros.)

'É um problema de muita gravidez.' (Com certeza...se seu pai usasse camisinha, não leríamos isso!)

'A AIDS é transmitida pelo mosquito AIDES EGIPSIO.' (Sem comentário)

'Já está muito de difíciu de achar os pandas na Amazônia' (Que pena. Também ursos e elefantes sumiram de lá)

'A natureza brasileira tem 500 anos e já esta quase se acabando' (Foi trazida nas caravelas, certo ?)

'O cerumano no mesmo tempo que constrói, também destroi, pois nos temos que nos unir para realizarmos parcerias juntos.'(Não conte comigo)

'Na verdade, nem todo desmatamento é tão ruim. Por exemplo, o do Aeds Egipte seria um bom beneficácio para o Brasil' (Vamos trocar as fumaças pelas moto-serras)

... menos desmatamentos, mais florestas arborizadas. ' (Concordo! De florestas não arborizadas, basta o Saara!)

'Isso tudo é devido ao raios ultra-violentos que recebemos todo dia.' (Meu Deus... Haja pára-raio!)

'Tudo isso colaborou com a estinção do micro-leão dourado.' (Quem teria sido o fabricante? Compaq ? Apple? IBM?)

'Imaginem a bandeira do Brasil. O azul representa o céu , o verde representa as matas, e o amarelo o ouro. O ouro já foi roubado e as matas estão quase se indo. No dia em que roubarem nosso céu, ficaremos sem bandeira..' (Caraca! Ainda bem que temos aquela faixinha onde está escrito 'Ordem e Progresso'.)

'... são formados pelas bacias esferográficas. ' (Imaginem as bacias da BIC.)

'Eu concordo em gênero e número igual.' (Eu discordo!)

'Precisa-se começar uma reciclagem mental dos humanos, fazer uma verdadeira lavagem celebral em relação ao desmatamento, poluição e depredação de si próprio.' (Putz, que droga é essa?)

'O serigueiro tira borracha das árvores, mas não nunca derrubam as seringas. (Esse deve ter tomado uma na veia)

'Vamos deixar de sermos egoistas e pensarmos um pouco mais em nos mesmos..' (Que maravilha!)

terça-feira, 24 de março de 2009

MINHAS POESIAS

PÁSSAROS DE METAL Aviões brincam no céu de brigadeiro. Passam rasteiros sobre casas. Soltam fumaças, desenham no ar, E eu, a olhar, vejo o que é liberdade; O que é sincronia e perfeição do Criador... Então choro, Comovida com esse espetáculo, Com tanta coragem e esplendor, Consciente da minha pequenez, Triste, porque me deixo limitar pelo medo. De onde vem esse sentimento que me aprisiona? Os aviões continuam voando. Que lindo! Parece que desligaram o motor... estão caindo em parafuso! E tudo é silêncio e suspense. Minhas mãos estão suadas. Ouço as batidas do meu coração, assustado e ansioso E percebo que preciso mudar. Como os pássaros de metal, quero fazer acrobacias no ar E descobrir que viver é mergulhar no céu azul E ser livre... E que mergulhar dentro de mim é descobrir-me E ser feliz... PARODIANDO DRUMMOND Se os seus ombros suportam o mundo Os meus se encurvaram diante da dor. Se o seu coração é maior que o mundo O meu é pequeno para tanto amor. Ah, José! Se você gritasse, se você gemesse Eu, com certeza, faria o mesmo, Pois estou prestes a explodir. Se eu me chamasse Clara Continuaria sendo um enigma Para mim mesma, para os outros E para este vasto mundo que você cantou. E eu que tenho um anjo-torto Também vou refletindo, questionando E me sentindo uma gauche na vida; Mas se eu me chamasse Margarida Seria uma rima e uma solução.
AO MEU PAI ENFERMO Pai, é noite em sua vida E aproxima-se a madrugada Que trará consigo a paz roubada há tantas horas, e ainda a alegria De um novo despertar Em terras muito distantes Onde você será amigo do rei. É noite para mim também. Declinou-se o sol da esperança. Penso em você e no quanto gostaria De vê-lo em plena luz do dia a Caminhar, porém sei que é impossível... Então, em nome de tão grande amor, Faço-me presente em seu leito de agonia Com uma prece a Deus nosso Senhor e à Santa Virgem Maria. Ao meu pai que sempre careceu de poesia para lapidar a pedra bruta e preciosa de sua vida. Luciana Neiva 2005 DOMINGO É DOMINGO. DIA SANTO, DIA CALMO, DIA TRISTE. A RUA ESTÁ DESERTA COMO CORAÇÃO. NAS CASAS... SILÊNCIO! OLHEM A TELEVISÃO! MUSA IMPLACÁVEL DOS LARES SEM DIÁLOGO; DEUSA DA SABEDORIA DOS POBRES MORTAIS; DIVINDADE INEBRIANTE PARA OS QUE JÁ MORRERAM DENTRO DE SI. É DOMINGO. DIA DE VESTIDO NOVO PARA IR À IGREJA E PEDIR A DEUS TODAS AS BÊNÇÃOS PARA OS SEUS. DE PENSAR NA VIDA, NAS CONTAS A PAGAR DE REMOER O PASSADO E SE PREOCUPAR COM O FUTURO. DIA DE TER INSÔNIA SEM SABER O PORQUÊ. É DOMINGO. TANTOS SE PASSARAM EM MINHA VIDA. TODOS TRAZENDO A MESMA SENSAÇÃO DE VAZIO, SAUDADE, TRISTEZA. TODOS DEIXANDO UMA ÚNICA CERTEZA: A MARCA DE UM DIA INCONFUNDÍVEL QUE TRAZ CONSIGO A SOLIDÃO. HOJE É DOMINGO, MEU IRMÃO!

segunda-feira, 16 de março de 2009

CORDEL NA CASA DA LEITURA

CORDEL NA CASA DA LEITURA
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí - campus Floriano conta com uma Casa da Leitura que possui um número expressivo de livros dos mais variados gêneros textuais, entre eles o cordel, os quais foram doados pelo MEC e pela comunidade local. A Casa da Leitura foi um projeto idealizado e concretizado por professores, coordenadores, alunos e pela direção da escola no ano de 2008. É um espaço diferenciado para a leitura, pois é muito aconchegante, além de ser um ambiente propício para o desenvolvimento de projetos e oficinas de produção e interpretação textuais.
O projeto Cordel na Casa da Leitura surgiu a partir de reflexões sistemáticas sobre o ensino-aprendizagem da língua materna no PROEJA - Educação de Jovens e Adultos do Curso de Informática Integrado ao Médio, 1ª série, módulo II, visando a um desenvolvimento efetivo de várias competências e habilidades textuais e ao aproveitamento do espaço da Casa da Leitura.
As atividades começaram no dia 02 de março de 2009, com encontros semanais que ocorrem às segundas-feiras, às 18h 30min, com uma duração de 45min. O tempo previsto para a execução deste projeto é de 60 dias.
O cordel chegou ao Brasil trazido na bagagem dos colonos portugueses por volta dos séculos XVI e XVII. Nessa época, ele era vendido em “folhas soltas”. Foi somente a partir do século XIX que o folheto, na forma como o conhecemos atualmente, passou a ser editado e comercializado no Brasil, através do grande cordelista Leandro Gomes de Barros, considerado patriarca do gênero literário, nascido em Pombal na Paraíba, berço da literatura de cordel.
Como arte popular, o cordel sempre foi vendido nas barracas das feiras livres, pendurados em cordões. No Nordeste, ele já foi o jornal, a música, o lazer que reunia o povo tanto nos salões como nos terreiros das casas para fantasiar as histórias lidas e/ou declamadas por aqueles que dominavam a leitura.
Nos dias atuais, o cordel pode ser encontrado para além do território espacial que sempre lhe foi destinado, o Nordeste, pois com o advento da internet, vários sites trazem a origem, a história, os principais cordelistas e a literatura de cordel disponíveis para qualquer leitor interessado em conhecer esta arte. Mesmo assim, muitas são as pessoas que desconhecem este gênero o que torna imprescindível sua difusão através da educação. No entanto, a escola, lugar apropriado para difundir o conhecimento e a arte, muitas vezes, se exime de trabalhar gêneros como este. Pensando assim, foi que nasceu a intenção de resgatar esse tipo de literatura e proporcionar aos nossos alunos a oportunidade de conhecer a riqueza de nossa cultura, rever aspectos de nossa identidade, além de ser um incentivo à leitura e à produção efetivas de textos.
Alguns dos objetivos específicos a serem alcançados são: levar o aluno a ler efetivamente; conhecer a história da literatura do cordel no Brasil e a biografia dos principais cordelistas; trabalhar as noções básicas de versificação; fazer paráfrase oral e escrita; trabalhar a expressão corporal (dramatização) e a gramática a partir dos textos lidos; produzir cordéis com motes variados; promover um evento artístico na Casa da Leitura para toda a comunidade escolar.
Posteriormente, estarei postando todos os encontros, a metodologia e os resultados obtidos. Então, até a próxima!

domingo, 15 de março de 2009

VANGUARDAS EUROPÉIAS

As transformações tecnológicas por que o mundo passou na virada do nosso século modificaram as maneiras de o homem perceber a realidade. O automóvel, o avião, o cinema deslocaram e aceleraram o olhar do homem moderno. Em meio a essas transformações surgem várias manifestações artísticas: o Expressionismo, o Futurismo, o Cubismo, o Dadaísmo, o Surrealismo. A essa multiplicidade de tendências - ismos - convencionou-se chamar vanguardas européias, conhecidas como “correntes de vanguarda” e que conjugadas, dariam origem ao Modernismo.
A palavra vanguarda origina-se do francês avant-garde, termo militar que designa proteção frontal e que, no caso das artes e das idéias, passou a referir-se àqueles que estavam à frente de seu tempo.
EXPRESSIONISMO
Surgiu no final do século XIX e início do século XX como reação à objetividade do impressionismo, apresentando características que ressaltavam a subjetividade (expressão do racional, dos impulsos e das paixões). A palavra expressionismo foi empregada pela primeira vez em 191o, na revista Der Sturm ('A Tempestade'), marcando uma oposição clara ao impressionismo francês.
Desenvolveu-se principalmente na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial e foi um importante instrumento para a realização de denúncias sociais, especialmente em um momento que, politicamente, os valores humanos eram o que menos importava.
O expressionismo na literatura
O expressionismo também foi marcante na literatura, cinema e teatro. No Brasil, o movimento encontrou sua máxima representação através da pintura, especialmente por meio de artistas como Anita Malfatti, Lasar Segall e Osvaldo Goeldi.
O movimento é marcado pela subjetividade do escritor, análise minuciosa do subconsciente dos personagens e metáforas exageradas ou grotescas. Em geral, a linguagem é direta, com frases curtas. O estilo é abstrato, simbólico e associativo.
Psicologia de um vencido
Augusto dos Anjos
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
FUTURISMO Surgiu por meio do Manifesto Futurista, publicado em Paris, em 1909, assinado pelo italiano Filippo Tommaso Marinetti. Nesse documento, o primeiro de uma série (foram publicados pelo mais de 30 manifestos) – Marinetti propunha:

1-o amor ao perigo, à verdade, à energia. 2-a abominação do passado: arqueologia, academicismo, nostalgia, sentimentalismo. 3-a exaltação da guerra, do militarismo, do patriotismo: “A guerra é a única higiene do mundo”. 4-a substituição da psicologia do homem (destruindo o eu na literatura) pela obsessão da matéria. 5-a incorporação de novos objetos como temas de poesia: locomotivas, automóveis, aviões, navios a vapor, fábricas, multidões de trabalhadores. 6-exaltação da bofetada e do soco: Não há beleza senão na luta”.

[...]

Manifesto Técnico da Literatura Futurista, datado de março de 1912, publicado em Milão, onde são apresentados minuciosamente os pontos básicos de uma reforma radical:

a destruição da sintaxe, com os substantivos dispostos ao acaso. o emprego do verbo no infinitivo, para que se adapte elasticamente ao substantivo e possa dar o sentido de continuidade e da intuição que nele se percebe. abolição do adjetivo, para que o substantivo guarde sua “cor essencial”. abolição do advérbio, “que dá à frase uma cansativa unidade de tom”. supressão dos elementos de comparação: como, parecido com, assim como. substituição dos sinais tradicionais de pontuação por signos matemáticos: X-:+=><>

Ode Triunfal

Álvaro de Campus, heterônimo de Fernando Pessoa

[fragmento]

À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria! Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso De expressão de todas as minhas sensações, Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!

CUBISMO

O início do Cubismo foi a pintura de Pablo Picasso. O quadro Les Demoiselles d’Avignon, de 1907 propunha uma nova forma de apreensão do real. Por meio de formas geometrizadas (cones, esferas, cilindros, etc.) deformadas, Picasso procura captar o objeto de vários ângulos ao mesmo tempo. Na literatura podem ser apontados os seguintes elementos do estilo cubista: a obra de arte não deve ser uma representação objetiva da natureza, mas uma transformação dela, ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. a procura da verdade deve centralizar-se na realidade pensada, criada, e não na realidade aparente. a ordem cronológica deve ser eliminada. As sensações e recordações vão e vêm do presente ao passado, embaralhando o tempo. a valorização do humor, a fim de afugentar a monotonia da vida nas modernas sociedades industrializadas. a supressão da lógica; preferência pelo pensamento-associação, que transita entre o consciente e o subconsciente.

Hípica

Osvald de Andrade

Saltos records Cavalos da Penha Correm jóqueis de Higienópolis Os magnatas As meninas E a orquestra toca Chá Na sala de cocktails

DADAÍSMO

Surgiu em Zurique, na Suíça, com o primeiro manifesto do romeno Tristan Tzara, lido em 1916, o Dadaísmo foi a mais radical das correntes de vanguarda.

“Dada” significa cavalo de balanço em francês, “sim” em romeno, preocupação em conduzir o carrinho do bebê em alemão, uma forma de chamar a mãe em italiano, e, em certas regiões da África, o rabo da vaca sagrada. A partir dessa plurissignificação, a obra dadaísta passa a ser improvisação, desordem, dúvida, oposição a qualquer tipo de equilíbrio.

Faziam parte das propostas dadaístas:

a denúncia das fraquezas por a Europa passava. a recusa dos valores racionalistas da burguesia. a desmistificação da arte: “a arte não é coisa séria”. a negação da lógica, da linguagem, da arte e da ciência. a abolição da memória, da arqueologia, dos profetas e do futuro.

Os dadaístas inventaram a técnica dos ready made, que consiste em retirar um objeto do uso corrente de seu ambiente normal, para criar máquinas impossíveis de utilização. Marcel Duchamp, um dos mais geniais criadores do ready made, expôs, entre outras coisas, uma roda de bicicleta cravada num banco e um urinol. Pintou também, certa vez, uma Mona Lisa decorada com bigodes.

Características

  • agressividade
  • improvisação
  • desordem
  • rejeição ao racional
  • livre associação de palavras (escrita automática)
Para fazer um poema dadaísta Pegue um jornal Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido do público. (Tristan Tzara)
SURREALISMO
Surgiu em 1924, em Paris, quando André Breton lançou o Manifesto do Surrealismo, o qual propunha uma ruptura com o Dadaísmo. Enquanto os dadaístas insistiam na mera destruição, no niilismo e na autofagia, Breton e outros artistas como Louis Aragon e Salvador Dali achavam que a ação demolidora deveria somente uma das etapas do processo criativo. Queriam elaborar uma nova cultura, encontrar um caminho de acesso às zonas profundas do psiquismo no humano. Questionando a sociedade e a arte, eles se propunham destruí-la, para recriá-la a partir de técnicas renovadoras. Os surrealistas procuravam fundir a imaginação, que dorme no inconsciente, com a razão. Juntar o maravilhoso do sonho, dos estados de alucinação e até de loucura do homem, com o maravilhoso e externo: a fantasia e a realidade unidas permitiram captar uma super-realidade.
Características
  • ilogismo
  • devaneio
  • sonho
  • loucura
  • hipnose
  • humor negro
  • imagens surpreendentes
  • livre expressão dos impulsos sexuais
  • escrita automática

PRÉ-HISTÓRIA

Murilo Mendes

Mamãe vestida de rendas Tocava piano no caos. Uma noite abriu as asas Cansada de tanto som, Equilibrou-se no azul, De tonta não mais olhou Para mim, para ninguém! Cai no álbum de retratos.

domingo, 8 de março de 2009

NOSSA PRIMEIRA POETISA

Escrever nem sempre foi uma atividade destinada às mulheres. No período colonial, os poucos textos escritos por mulheres não foram divulgados entre o publico letrado, seja porque a maioria delas não escrevia ou, se escrevia, os textos não apareciam. A razão, para tanto, é que apenas os homens tinham acesso à educação formal fornecida em seminários de várias ordens religiosas e não em universidades, cuja criação em terras brasileiras fora proibida pelo reino português. Além disso, o ensino escolar era eloqüente, retórico e imitativo, elitista e ornamental, voltado para a perpetuação de uma ordem patriarcal, estamental e colonial.
Havia, também, a possibilidade do autodidatismo, forma de educação não formal, em ambiente doméstico, onde a distribuição da matéria era de acordo com o sexo. Normalmente, ao homem era de praxe se ensinar a ler, a escrever e contar, e à mulher, a coser, a lavar, a fazer rendas e todos os deveres femininos, que incluía a reza. Se muitas mulheres (as sem dotes, por exemplo) eram depositadas no convento, muitas também passaram a manter escolas no próprio espaço privado, onde lhes eram ensinada leitura, música, corte e costura.
A primeira mulher escritora, cronologicamente nascida no Brasil, foi a pernambucana de Olinda, Rita Joana de Souza (1696-1718). Sua sólida formação foi proporcionada pelos pais, os quais puseram em suas mãos livros clássicos de pensadores e poetas. Memórias Históricas e Tratado de Filosofia Natural são suas principais obras, porém suas poesias não chegaram até nós, apesar de serem mencionadas por antigos autores. Vejamos o diz J. Noberto (1998) sobre a nossa primeira poetisa: “Breve correu-lhe a vida, passada tão suave no meio de tão desvelada educação, em que tanto se esmeraram seus pais. Mas veio o ano de 1718, e a morte, com a sua mão mirrada, ceifou tanta flor que começava a desabrochar, tanta esperança que ia realizar-se como se tudo fora um sonho, despenhando-se no fundo do sepulcro apenas na florescente idade de 22 anos. Foi um talento precoce o da nossa primeira poetisa. Meteoro brilhante que atravessou o céu tão rapidamente que nem sequer deixou vestígios dessa passagem luminosa... É a irmã mais velhas das poetisas do Brasil, a virgem formosa que lá está na orla do oceano em Olinda e que precedeu cantando a todas nós, com uma dianteira de quase três séculos e de quem a pátria guarda apenas o nome: Rita Joana de Sousa. Quem eram seus pais? Quem teriam sido seus mestres? Ninguém sabe. Como seriam seus poemas? Ninguém sabe. Que seja o seu nome cultuado por todas as mulheres de letras do Brasil. O silêncio e o símbolo do desapreço que pairam sobre a sua obra literária são bem o símbolo do desapreço que ainda hoje é tida a inteligência das mulheres, às quais, aqui como em todas as partes do mundo, vão abrindo caminho em todos os setores das atividades humanas, indiferentes à coorte dos que fingem ignorar o seu esforço.” Fonte: J. NORBERTO de S.S. Brasileiras Célebres. Brasília-DF: Coleção Memória Brasileira, Editora do Senado Federal, 1998.

sábado, 7 de março de 2009

Cecília Meireles

"Aqui está minha vida.
Esta areia tão clara com desenhos de andar
dedicados ao vento.
Aqui está minha voz,
esta concha vazia, sombra de som
curtindo seu próprio lamento
Aqui está minha dor,
este coral quebrado,sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança,
este mar solitário
que de um lado era amor e, de outro, esquecimento"
"Cecília levita, como um puro espírito...Por isso ela se move, "viaja", sonha com navios, com nuvens, com coisas errantes e etéreas, móveis e espectrais, transformando em pura poesia essa caminhada. Uma das excepcionalidades de Cecília Meireles: a composição de uma poesia densamente feminina, não apenas a poesia feita por alguém que é mulher, mas obra de mulher, de um sem número de perspectivas sobre as coisas que os homens não teriam, poesia na qual uma das grandes forças é a delicadeza, e delicadeza de poeta, que transfigura a vida em canto..."
Ana Cristina Cesar
Cecília Meireles nasceu no Rio, em 7 de novembro de 1901, mesma cidade em que morreu, a 9 de novembro de 1964. A menina foi criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides.
" Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano."
Cecíclia Meireles
Poesias de Cecília Meireles
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento,
atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?
Serenata
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permita que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio, e a dor é de origem divina.
Permita que eu volte o meu rosto para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho como as estrelas no seu rumo"
Frases de Cecília Meireles "Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira."
"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."
"Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira."
"Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre."
"Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua."

quinta-feira, 5 de março de 2009

Novas Regras Ortográficas

Decreto 6583
Entrou em vigor, desde o dia 1º de janeiro de 2009, as novas regras ortográficas da língua portuguesa. Conforme o decreto 6583, o novo acordo obedecerá o período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, tempo em que coexistirão a norma ortográfica antiga e a nova norma estabelecida.
As mudanças ocorridas devem atingir todos os países que têm como idioma oficial o português.
Em nosso país, somente 0,45% das palavras usadas pelos brasileiros terão a escrita alterada e em Portugal calcula-se que 1,6% do vocabulário sofrerá modificações.
Não se esqueça...
A ortografia é uma convenção social e sua finalidade é ajudar a comunicação escrita entre as pessoas.
O Brasil é um dos oito países (Portugal, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste) que tem a língua portuguesa como oficial. Atualmente há duas ortografias em vigor, uma em Portugal e outra no Brasil. Isso dificulta as relações internacionais, pois sempre que se redige um documeno de caráter internacional que envolve os dois países, ele é escrito em duas versões: uma no "português europeu" e outra no "português brasileiro", como se fossem duas línguas distintas. Como consequência, a língua portuguesa não pode ascender à condição de língua oficial de nenhum organismo internacional.
A intenção do acordo, portanto, é facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre as nações e ampliar a divulgação do idioma e da literatura em língua portuguesa.
O que muda com as novas regras?
Alfabeto
O alfabeto brasileiro passa a ter 26 letras, em vez de 23.Foram incluídas k, w e y, usadas principalmente em siglas e palavras originárias de outras línguas.Exemplos:Franklyn, Darwin, darwinismo, Kuwait, kuwaitiano, km (para quilômetro), kg (para quilograma), kW, (para kilowatt). Trema
O trema foi abolido de todas as palavras da língua portuguesa. Essa marcação servia, originalmente, para destacar a pronúncia do u nas combinações que, qui, gue e gui.A partir de agora, portanto, escreve-se aguentar, alcaguetar, ambiguidade, bilíngue, cinquenta, consequência, eloquente, enxágue, equestre, frequentar, linguiça, linguística, pinguim, sequestro, tranquilo, ubiquidade, etc.Porém, o trema é mantido em nomes próprios estrangeiros e suas derivações, como Bündchen, Schönberg, Müller e mülleriano, por exemplo. antes
cinqüenta
tranquilo
agora
cinquenta
tranquilo Ditongo aberto
Ditongo é o encontro de duas vogais pronunciadas em uma só sílaba.O acento agudo foi eliminado nos ditongos abertos das palavras paroxítonas, como alcaloide, assembleia, boleia, epopeia, ideia, jiboia, paleozoico, paranoia, onomatopeia.As palavras oxítonas terminadas em éi, éu e ói continuam acentuadas: chapéu, herói, corrói, remói, céu, véu, lençóis, anéis, fiéis, papéis, Ilhéus. antes
idéia
heróico
jibóia
agora ideia
heroico
jiboia Hiato
Os hiatos são sequências de vogais que pertencem a sílabas diferentes.Foram eliminados os acentos circunflexos nos hiatos dos seguintes casos:oo – enjoo, perdoo, magoo, voo, abençoo;ee – creem, deem, leem, releem, veem, preveemO acento circunflexo continua valendo para sinalizar o plural dos verbos ter e vir e seus derivados: eles têm, eles vêm, eles retêm, eles intervêm.
antes
vôo
enjôo
vêem
lêem
agora leem
enjoo
veem
leem U tônico, I e U tônicos
U tônico. A letra u não será mais acentuada nas sílabas que, qui, gue, gui dos verbos como arguir, redarguir, apaziguar, averiguar, obliquar. Assim, temos apazigue (em vez de apazigúe), argui (em vez de ele argúi), averigue, oblique. Pode-se também acentuar desta forma esses verbos: ele apazígue, averígue, oblíque.
I e U tônicos. As palavras paroxítonas que têm i ou u tônicos precedidos por ditongos não serão mais acentuadas. Desta forma, agora escreve-se feiura, baiuca, boiuno, cauila.Essa regra não vale quando se trata de palavras oxítonas; nesses casos, o acento permanece. Assim, continua correto Piauí, teiús, tuiuiú.
antes
averigúe
argúi
feíura
tuiúca
agora
averigue
argui
feiura
tuiuca
O uso do hífen
1- O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas por "r" ou "s", sendo que essas devem ser dobradas.
Como era
ante-sala, auto-retrato, anti-social, anti-rugas, contra-senso, infra-som, ultra-sonografia
Como deve ser
antessala, autorretrato, antissocial, antirrugas, contrassenco, infrassom, ultrassonografia
Obs: em prefixos terminados em "r", permanece o hífen se a palavras seguinte for iniciada por por "r" ou "h". Ex: hiper-realista, inter-racial, super-homem.
2- O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos terminados em vogal + palavras iniciadas por outra vogal.
Como era
auto-afirmação, auto-ajuda, auto-escola, extra-oficial, contra-indicação.
Como deve ser
autoafirmação, autoajuda, autoescola, extraoficial, contraindicação.
Obs: essa regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por h: anti-herói, anti-higiênico, extra-humano, etc.
3- Agora utiliza-se hífen quando a palavra é formada por um prefixo terminado em vogal + palavra iniciada pela mesma vogal.
Como era
antiibérico, antiinflamatório, microondas, microorgânico
Como deve ser
anti-ibérico, anti-inflamatório, micro-ondas, micro-orgânico
Obs: uma exceção é o prefixo "co". Mesmo se a outra palavra iniciar com a vogal "o", não se utiliza hífen.
Dica importante: diante de palavras que se iniciam com h, sempre se utiliza hífen.

quarta-feira, 4 de março de 2009

MODERNISMO EM PORTUGAL Início: 1915 com a publicação da revista Orpheu, de que participaram Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Santa Rita Pintor, Ronald de Carvalho (brasileiro) entre outros. Não passou do segundo número. Objetivo: demolir heranças literárias dogmatizadas. Em 1927 – criação de uma nova revista Presença – José Régio, Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões. Continuaram a luta contra o academicismo. FERNANDO PESSOA (Lisboa / 1888 – 1935) Obras: Mensagem (1924) – única obra em português publicada em vida. Linguagem superelaborada. Celebra as fantásticas irrealidades e loucuras de heróis da lenda e da história do país, como Ulisses, Viriato, D. Sebastião etc. Constitui-se de 44 poemas dispostos em três partes, “Brasão”, “Mar Português” e “O Encoberto”. Tratam respectivamente das figuras históricas e lendárias que permitiram a ascensão de Portugal, do apogeu de Portugal com as navegações e do declínio português. OUTRAS OBRAS
- Poemas de Alberto Caeiro; - Odes de Ricardo Reis; - Poesias de Álvaro de Campos; - Poesias de Fernando Pessoa; - Poemas Dramáticos – O Marinheiro; - Quadras ao Gosto Popular; - Poemas Ingleses – Poemas Franceses – Poemas Traduzidos; - Poesias Inéditas. EM PROSA
- O Livro do Desassossego - Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação - Páginas de Estética e de Teoria e Crítica Literária; - Textos Filosóficos - Cartas de Amor ; E outros. CONSIDERAÇÕES: O poeta desdobra-se em várias máscaras. Uma delas, Fernando Pessoa, ‘ele mesmo’, constrói a poesia ortonímica, assinada pelo próprio Fernando Pessoa. As outras máscaras constituem os HETERÔNIMOS do poeta, dentre os quais se destacam: Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, além de outros menos desenvolvidos.
Caeiro: é um mestre bucólico, poeta-filósofo, concentra-se na conquista da felicidade, que, segundo ele, só é possível com a neutralização da razão. Censura a metafísica e as religiões que abstraem a dinvindade, volta-se para a vida simples junto à Natureza. Vocabulário pobre, versos livres, sintaxe simples e imagens comuns.
Ricardo Reis: é um neoclássico estóico (resignação) e epicurista (equilíbrio) - filosofia grega. Escreve com elegância de estilo, senso de equilíbrio e domínio virtuoso da língua. Gosta da vida calma e afastada, nos campos, a celebrar o carpe diem.
Álvaro de Campos: é um futurista neurótico e angustiado (niilista). Apresenta três fases distintas: Decadentismo – nostalgia de além, horror à vida; Futurismo – celebra a máquina, a velocidade, com versos livres, linguagem coloquial e prosaica (sensacionismo – expressão de sensações); Niilismo – tédio, desânimo, apatia. Fernando Pessoa – ele mesmo – parece ser o heterônimo de algum outro ser/poeta, instalado entre um heterônimo e outro, nos intervalos.

Poesias de Fernando Pessoa

AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
ANÁLISE Tão abstrata é a idéia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista,
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente,
E a idéia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, 12-1911
INTERVALO Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?
Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?
Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?
Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?
Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca
-A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.
Fernando Pessoa
Tudo quanto penso,
Tudo quanto sou
É um deserto imenso
Onde nem eu estou.
Extensão parada
Sem nada a estar ali,
Areia peneirada
Vou dar-lhe a ferroada
Da vida que vivi.
[...]
Fernando Pessoa, 18-3-1935
Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Fernando Pessoa, 1931.

Fernando Pessoa

Fernando Antonio Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de junho de 1888. Contava, portanto, dois anos de idade quando ocorreram as crises provocadas pela depressão econômica.
Com cinco anos ficou órfão de Pai; dois anos depois, sua mãe se casa com um militar que atuava como cônsul em Duban, na África do Sul, para onde a Família se muda. Fernando Pessoa vive lá por dez anos, frequentando o equivalente ao primeiro e segundo grau e recebendo toda sua formação escolar segundo os padrões britânicos. Só retorna definitivamente a Portugal em 1905; no ano seguinte matricula-se no curso superior de Letras, em Lisboa, que abandona em seguida.
As primeiras publicações de Fernando Pessoa coincidem com o momento nacionalista de 1910 a 1915; neste período, colaborou na revista Águia, dirigida por Teixeira de Pascoaes, considerada o órgão da "Renascença Portuguesa". Esse movimento partia de um forte sentimento saudosista que tentava "ressuscitar" (daí a "Renascença") a pátria portuguesa, arrancá-la do túmulo onde a sepultaram a alguns séculos de escuridão física e moral". Fernando Pessoa faz Coro à idéia da renascença e publica, em 1912, a série de artigos "A nova poesia portuguesa", justificando o aparecimento de um poeta supremo, um supra-camões.
No entanto, o ano de 1915 é o grande marco da moderna poesia portuguesa, com a publicação da revista Orpheu . No primeiro número , Fernando Pessoa publica "O marinheiro" - drama estático de um quadro e Álvaro de Campos (um dos heterônimos de Fernando Pessoa), poeta futurista, publica dois poemas : "O Opiário" e "Ode Triunfal". Há testemunhos de violenta reação às idéias defendida pelos colaboradores de Orpheu, chamados de loucos, insanos e apontados ameaçadoramente nas ruas de Lisboa. O segundo (e último) número de Orpheu (junho de 1915) apresentava a "Ode marítima", de Álvaro de Campos, e "Chuva Oblíqua", de Fernando Pessoa.
Nesta época, sua produção literária era intensa, notadamente no que se refere à criação dos heterônimos. Daí em diante, sua vida confunde-se com a atividade literária, alternada apenas por algumas atuações como horoscopia, ocultista, e por algumas crises nervosas e excesso de alcoolismo. Faleceu em Lisboa, a 30 de novembro de 1935, vitimado por uma crise hepática.
Acesso em: 04 mar. 2008.
Mais um pouco da biografia de Fernando Pessoa...
Em 1896, circunstâncias familiares (o casamento de sua mãe viúva com o cônsul português na África do Sul ), levam o menino Fernando, com 8 anos incompletos, a viver e a estudar em Durban, Colônia de Natal, onde permaneceu até os 17 anos de idade. É, portanto, nesse período vivido fora de Portugal, que se realiza a formação cultural básica de Fernando Pessoa , e sob o influxo da língua, do pensamento e cultura inglesa, diretrizes que, afinal, o poeta nunca abandonara por completo, apesar de sua profunda consciência de portucalidade.
O quanto essa formação básica foi decisiva para o desenvolvimento posterior de seu pensamento crítico-reflexivo e para sua criação poética (e talvez para seu próprio sentimento de nacionalidade), o prova a persistência com que Fernando Pessoa usou a língua inglesa para expressão de seu pensamento. São, em inglês, os primeiros poemas que ele decidiu publicar em livro (plaquete), Antinous-1918 (escrito em 1915); como o são, também, a quase predominância dos textos em prosa, em sua produção de teoria e crítica deixada inédita e publicada parcialmente até o momento.
Em 1905, de volta a Lisboa (de onde não sairá até sua morte, em 1935), Fernando Pessoa ingressa na Faculdade de Letras que freqüenta durante dois anos apenas e onde estuda Shakespeare e a filosofia alemã, em Schopenhauer e Nietzsche. É desse período que datam seus primeiros "textos filosóficos", cuja produção mais significativa abrange mais ou menos dez anos (1906 / 1916). Essa preocupação com o conhecimento filosófico precede o definitivo encontro de Fernando Pessoa com a poesia.
Seu primeiro texto publicado foi de teoria estética ("A Nova Poesia Portuguesa Sociologicamente Considerada" in Águia, abril, 1912), enquanto o primeiro poema publicado, "Páuis", é de 1913. A julgar pelas datas apostas em seus textos sua produção poética mais antiga é de 1911/1912 e é atribuída a Alberto Caeiro, muito antes, pois, desse heterônimo terá aparecido (8/março/1914). Também de 1913 é a publicação da literatura dramática “Na Floresta do Alheamento”, a composição do poema em inglês "Epithalamium" e do drama estático "O Marinheiro. O verdadeiro nascimento de seus heterônimos se dá em 1914, época em que a maior parte de seus textos filosóficos já estava escrita.
O que nos importa observar nessas datas e tipos de produção é a tendência dominante em Fernando Pessoa para o pensamento reflexivo e a simultânea atração pelos vários gêneros literários: ficção, poesia, teatro e também pela filosofia que ele considerava uma arte. Em seu afã de descobrir a forma mais adequada à expressão do conhecer, Fernando Pessoa tentou todos os gêneros, inclusive o conto policial . É de se compreender, pois, seu obsessivo interesse pela filosofia, onde é a própria possibilidade do conhecimento, o fenômeno investigado."
Entretanto, apesar desse interesse, sua verdadeira realização se deu apenas no campo da poesia. Em suas reflexões filosóficas, Fernando Pessoa não chegou a nenhuma síntese. 0 pensamento de Fernando Pessoa não foi filosófico no sentido tradicional do termo, porque foi, antes de tudo, uma arte do paradoxo e uma concepção lúdico-artística da filosofia. E o próprio poeta não se enganava com essa sua preocupação obsessiva: "Eu era um poeta impulsionado pela filosofia, não um filósofo dotado de faculdades poéticas."
Não só Fernando Pessoa, mas toda sua geração, estava o encalço de um novo "conhecimento", de uma nova "abertura" para a vida. Em face de uma cultura e de uma arte que se esfacelavam, recolocavam interrogações sobre o Ser, o Estar-no-mundo e o Conhecer que os novos tempos passaram a exigir.
Poeta que viveu no primeiro momento da crise que, em nosso século, iria dividir as águas entre o Tradicional e a Modernidade, Fernando Pessoa muito cedo revela uma aguda consciência de que o novo processo de Criação já havia começado, mas estava ainda limitado aos próprios criadores, não tendo ainda eclodido para todos. Lá fora no panorama geral da nação, reinava a paralisação das formas de vida mas no enigmático campo da criação o novo já nascia.
A respeito de Fernando Pessoa, poderíamos dizer que mais do "viver para criar", ele criou para viver, tal foi o grau de entrega de seu ser à tarefa poética. A nosso ver, à essa opção de vida, que precisa estar presente no espírito daquele que se disponha a conhecer esse multifacetado universo poético. Sem um mínimo de "sintonia" com as inquietudes que dinamizara a criação fernandina, o eventual leitor se arrisca a "passar ao largo" de sua essencial beleza e significação. Poesia e Filosofia nela se reúnem, em um excepcional fenômeno poético que tem, em suas raízes, a crise do Conhecimento que eclode em nosso século, desde os primeiros anos. E aqui tocamos em um dos "nervos" centrais desse intrigante organismo poético-filosófico que é a obra fernandina: os modos de conhecer. Poeta do século XX, tal qual seus companheiros de geração (os "grandes" Ezra Pound, T.S.Eliot, Valery, cubistas, futuristas, surrealistas ...) e em diferentes graus, Fernando Pessoa foi um obsessivo investigador do Conhecimento. Ou mmelhor, das novas possibilidades ou impossibilidades de um conhecimento objetivo do homem/palavra/mundo/Deus, em um universo em acelerada transformação.
Pode-se dizer que é esse o fulcro filosófico que unifica ou identifica, na origem, seus diversos heterônimos (Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos) ou os semi-heterônimos (Bernardo Soares, Barão de Teive, Vicente Guedes, José Pacheco, Antônio Mora...). Por diferentes que se mostrem entre si, igualam-se todos por um impulso de raiz: a ânsia de conhecer. É natural que em face de um mundo cujos valores, definições, limites e certezas ruíam irremediavelmente, a arte se voltasse para as possibilidades de um novo conhecer. Nesse sentido, duas diretrizes se abrem para as buscas: a que investiga os próprios meios de expressão e a que investiga o "eu" através do qual a Arte se realiza.
Acesso em: 04 mar. 2009.

Frases de Fernando Pessoa

"Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?"
"As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."
"A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens."
"Nunca sabemos quando somos sinceros. Talvez nunca o sejamos. E mesmo que sejamos sinceros hoje, amanhã podemos sê-lo por coisa contrária."

SONETOS DE CRUZ E SOUSA

Cruz e Sousa  foi o  principal nome do Simbolismo brasileiro , nasceu em 24 de novembro de 1861. Filho de escravos alforriados, teve acesso ...