segunda-feira, 19 de março de 2012

PRÁTICAS LEITORAS NO INSTITUTO FEDERAL DO PIAUÍ - CAMPUS FLORIANO

Contação de histórias infantis na Casa da Leitura - Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2010

                                            

Troca-troca Literário - Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2011

                                             
           
                               
Sarau Literário - Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2010

                                

Projeto Ler é preciso 2010/2011
                            
        

Projeto IFPI ITINERANTE 2011                            


Projeto IFPI ITINERANTE 2011 - Bairro Alto da Cruz
Após uma pesquisa realizada no Instituto Federal do Piauí, campus Floriano, no ano de 2008, com 138 alunos do ensino técnico integrado ao médio, constatou-se que 60% dos alunos não liam livros de literatura e somente 12% estavam acima de média per capta de leitura voluntária existente no Brasil, que é de 1,3 livros habitante/ano . A partir desses dados, gestores, coordenadores e professores sentiram necessidade de criar um espaço destinado à leitura de prazer estético, a fim de que o aluno se sentisse atraído pelo livro. O pensamento inicial foi o de uma sala de leitura, mas em 26 de novembro daquele ano, com o incentivo da direção geral e com a ajuda de inúmeros voluntários de nossa escola, foi inaugurada a Casa da Leitura, que tem oportunizado aos estudantes e à comunidade em geral a interação efetiva com o livro e com a leitura.


A Casa da Leitura conta com um sistema computacional, chamado Biblioteca Fácil 6.9, capaz de gerenciar um acervo de até 12.000 exemplares, cadastrar leitores, editoras, autores, além de classificar as obras quanto ao gênero, bem como relacionar a quantidade de títulos existentes. Através desse softwaare podemos projetar novas ações, avaliar as que estão em andamento e traçar o perfil leitor de nossa escola como, por exemplo, saber que temos cadastrados , entre alunos e servidores, 643 pessoas, sendo 396 mulheres e 274 homens. Acompanhar quais são os livros mais emprestados , a quantidade anual de empréstimo dos livros e de cada aluno/servidor em particular, entre outros dados, que são gerenciados por três alunos bolsistas (um em cada turno), amparados pela bibliotecária e pela coordenação de apoio ao ensino.

O acervo inicial da Casa da Leitura era de 1.200 livros, todos doados pela comunidade. Em 2009, através de compras efetuadas pela escola e de doações, o acervo passou para 1.992 títulos e, em junho de 2010, para 2.468, (1.513 livros de literatura adulta e 955 de literatura infanto-juvenil). Até março de 2011, contabilizamos um total de 2.683 livros (1.630 de literatura adulta e 1.053 de literatura infanto-juvenil), ou seja, em menos de três anos, foram adquiridos 1.483 novos exemplares, sendo que a maioria deles foi sugerida pelos próprios alunos e servidores, através de uma caixa de sugestões que fica na Casa da Leitura. Essa estratégia é importante porque atende todos os gostos literários e atrai aqueles que ainda não estão habituados a ler com frequência.

Em 2010, foram comprados 168 novos títulos, desde clássicos da literatura universal e nacional, da literatura piauiense, folhetos de cordéis e da literatura atual, como O Símbolo Perdido de Daw Brown, a coleção completa de A Mediadora de Meg Cabot, Diários do Vampiro de L. J. Smith e a coleção completa de Gossip Girl de Cecily Von Ziegesar. Já em 2011, foi feita uma compra de mais 147 títulos, muitos deles de ficção científica, humor, investigação, aventura e suspense, visando atrair o público masculino que em 2010 representava 21,72% dos leitores contra 78,28% do público feminino. Atualmente, números indicam que essa estratégia tem sido positiva, pois elevou para 34% os empréstimos feitos por homens. Esses dados ainda confirmam a estatística nacional de que as mulheres (55%) leem mais que os homens (45%), mas também viabilizam estarmos no caminho certo para reverter esse quadro.


Segundo a LDB Lei 9.394/96, professores de todas as áreas devem ter o compromisso de promover a produção da leitura e da escrita na escola e isso tem ocorrido entre nós, através do apoio de gestores e servidores de diversas áreas, porém sabemos que a maioria dos educadores atribui essa missão exclusivamente aos professores de Língua Portuguesa que, muitas vezes, sentem-se “convocados” a buscar novas alternativas de trabalho e que, por isso mesmo, acabam sendo mediadores de ações de incentivo à leitura, como as descritas abaixo :

1- Projetos de Leitura

• Projeto Leitura não tem idade: desenvolvido durante o ano de 2009, envolveu alunos de 2º ano do Curso Técnico em Edificações Integrado ao Médio e os idosos assistidos pela API (Assistência à Pessoa Idosa), da Prefeitura Municipal. Esse projeto teve como objetivo levar a leitura a essa parcela da população, que raramente entrou contato com os livros, bem como promover a integração entre a juventude e a pessoa idosa, resgatando, através do conto e das dramatizações, o respeito e a dignidade, a fim de promover a valorização dos idosos e de sua experiência.

• Projeto Cordel na Casa da Leitura: teve como principal objetivo desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita e foi desenvolvido com 40 alunos do Curso de Informática Integrado ao Ensino Médio, na modalidade de Jovens e Adultos – PROEJA, no primeiro semestre de 2009. Privilegiou o gênero textual cordel por fazer parte da identidade cultural do nordestino e por ser de fácil acesso aos nossos estudantes. As dez oficinas contribuíram para o desenvolvimento de muitas habilidades e competências, entre elas, a leitura efetiva, a produção oral e escrita de textos, a paráfrase e a expressão corporal. Alunos que não tinham o hábito de freqüentar bibliotecas, salas de leitura, passaram, a partir de então, não só a frequentar mas a ler, como ficou constato, através dos mapas de empréstimos que, a aluna Valdeane Dias de Sousa leu, entre 24 de agosto de 2009 (após o encerramento do projeto) a 20 de agosto de 2010, 53 livros, o que equivale a 4,4 livros/mês, ficando muito acima da média nacional, onde o número de livros indicados pela escola é de 3,4 habitante/ano.

• Projeto Ler é preciso: O projeto Ler é preciso teve início em 2010 e já está no segundo ano de execução. Foi pensado para atender alunos do 1º ano do Ensino Técnico Integrado ao Médio que possuem pouco ou nenhum hábito de leitura. Os encontros ocorrem uma vez por semana na Casa da Leitura, no turno contrário às aulas, com duração de duas aulas de 50 minutos. Ao todo, são três professoras de Língua Portuguesa e uma coordenadora de apoio ao ensino que conduzem, preparam, refletem e reorganizam o plano de ação anual, que contempla, a cada bimestre, um gênero textual diferente - poesia, conto, crônica e romance - que são trabalhados através de sequências didáticas , as quais buscam desenvolver, além da competência leitora (principal objetivo), habilidades relacionadas à comunicação e expressão, como a paráfrase oral e escrita, a dramatização, a pesquisa, a produção de textos, as rodas de leitura, entre outras. Todo esse trabalho é coroado ao final de cada ano com a publicação de um livro contendo os textos produzidos pelos alunos. Em 2010, foi lançado o livro de contos, crônicas e paráfrases Em busca da palavra perfeita, durante a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, ocasião em que estiveram presentes familiares, amigos, professores e representantes da comunidade em geral. Para este ano, está prevista a produção de um livro de poesias, que também deverá ser lançado em outubro. Com este projeto pudemos constatar que a leitura está intimamente relacionada ao rendimento escolar. Na turma de Eletromecânica a média de livros lidos por aluno foi de 6,45 e o rendimento escolar apresentou uma média anual de 6,5; na turma de Edificações a média de livros foi de 9,1 por aluno, e a média anual de 6,9; já a turma de Informática leu 11,5 livros ao ano e o rendimento escolar foi de 7,7. Ao nos questionarmos sobre o que poderia ter causado essas diferenças, fizemos um levantamento na Casa da Leitura e constatamos que a turma que menos leu tinha um grande número de alunos não cadastrados, o que nos fez tomar como primeira ação no início de 2011 o cadastramento dos alunos ingressantes no projeto.


2- Realização da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca

• O IFPI, campus Floriano, sempre comemorou a Semana do Livro e da Biblioteca, mas a partir de 2009 as atividades culturais tornaram-se mais diversificadas e, por que não dizer, uma tradição aguardada por alunos, servidores e pela comunidade em geral. Nesses dois anos, foram apresentadas dramatizações de peças infantis; contações de estórias infantis e teatro de fantoches na Casa da Leitura para alunos do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de Floriano; apresentação teatral, em todos os turnos, de obras da literatura brasileira e portuguesa; filmes; publicação do livro de contos, crônicas e paródias Em busca da palavra perfeita dos alunos do 1º ano do Curso Técnico Integrado ao Médio em Edificações, Eletromecânica e Informática; I e II Sarau de Poesia e Música; e, ainda, a I Maratona de Leitura - evento literário pioneiro em nossa Instituição que consistiu na leitura integral e coletiva da obra A confissão de Lúcio do escritor português Mário de Sá Carneiro, com posterior reflexão e debate. Todas essas atividades tiveram (e têm) como principal objetivo incentivar o gosto pela leitura, pelas manifestações artísticas e culturais como instrumento de inserção social, visando atingir todo o nosso alunado, servidores e cidadãos da comunidade local que não têm acesso ao livro e à biblioteca.


3- Relatórios de Leitura

• Embora nosso foco esteja centrado na leitura de prazer estético, sabemos que não podemos fugir às exigências do sistema educacional que cobra de nossos educandos, em vestibulares e concursos, um vasto saber sobre obras da literatura brasileira e portuguesa. Atentos ao nosso papel de professores e mediadores, utilizamos os relatórios como um instrumento a mais de incentivo à leitura os quais são realizados bimestralmente pelos alunos que cursam o último ano do ensino técnico integrado ao médio e se preparam para ingressar no ensino superior. Procuramos alternar obras pedidas pelos professores com aquelas que são escolhidas livremente pelos alunos. Os relatórios são feitos em sala de aula com o apoio de dicionários e contém quatro partes: identificação da obra (título, autor, gênero); resumo; opinião pessoal / reação / reflexão; e novo vocabulário (significado e definição). Como o público alvo desta atividade já passou por uma série de outras atividades de leitura ao longo dos três anos na instituição, eles demonstram enorme interesse em atividades que envolvam leitura e escrita e costumam cobrar dos professores a próxima data para a produção de novos relatórios.

A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2008) mostra que a leitura ocupa o quinto lugar nos momentos de lazer do brasileiro, que prefere assistir à televisão, ouvir música, descansar e ouvir rádio a ler. É papel da escola (mas não somente dela) modificar essa realidade cultural e desenvolver junto à comunidade habilidades de compreensão e expressão para o exercício pleno da cidadania. Sabemos que analfabeto não é só aquele que não decodifica a palavra escrita, mas também aquele que não entende o que lê. O elevado índice de analfabetos funcionais se dá justamente pela falta do hábito da leitura que restringe o vocabulário e conduz às dificuldades generalizadas de compreensão. Por sua vez, a baixa leitura influi nas interações sociais nos diferentes contextos em que a pessoa atua, afetando o seu desenvolvimento pessoal e profissional, contribuindo, assim, para o aumento da desigualdade social.

Com o intuito de diminuir as diferenças sociais originadas pela falta de compreensão leitora é que o IFPI, campus Floriano, tem se comprometido com o desenvolvimento do hábito de ler e da leitura efetiva entre seus estudantes e comunidade em geral e os resultados obtidos até junho de 2011 evidenciam que nossa escola tornou-se promotora da leitura; algo fácil de provar, quando examinamos os mapas de empréstimos da Casa da Leitura e constatamos que, em 2010, alunas como Maria Carolina de Oliveira leu 128 livros, Bruna Mota Azevedo, 79; Gildália Sousa Pinto, 68; e Daniela Miranda de Araújo, 62.

Esses dados revelam que nossos jovens gostam de ler, por isso é que a cada dia procuramos oferecer a eles um ambiente aconchegante, com material de apoio variado e de qualidade, capaz de atraí-los continuamente. Neste sentido, acreditamos que o trabalho realizado no Instituto Federal do Piauí tem promovido e disseminado a leitura, obtendo como resultado não só o aumento de leitores efetivos, o aumento da média global e de boas colocações em Olimpíadas e em intercâmbios de língua estrangeira, mas também tem criado elementos de combate à alienação, à ignorância e à exclusão social.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INSTITUTO PRÓ-LIVRO. Retratos da leitura no Brasil. 2008. Disponível em: www.prolivro.org.br. Acesso 14 jul. 2011.

KLEIMAM, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. 10ª ed. – Campinas, SP: Pontes, 2004.

LDB - Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LEI No. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. D.O. U. de 23 de dezembro de 1996.

PASQUIER, A. et DOLZ, J. Un decálogo para la enseñanza de la producción de textos. Cultura y Educación, 3, 1996, p. 31-41.

Teatro Infantil "Pluft o Fantasminha" - Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2010

Premiação dos Cinco Mais da Casa da Leitura - 2010

 
Equipe de Apoio da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2010



Lançamento de livro Semana Nacional do Livro e da Biblioteca 2011

Obs: Os dados desse relato são referentes a 2011.




Luciana Neiva.

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